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A penúria dos investidores estrangeiros no Brasil

O cenário político-econômico brasileiro vem evidenciando fatos nunca antes observados.

À medida que um novo escândalo surge e, aparentemente, é julgado como o grande protagonista do ano, rapidamente outro o substitui, fazendo com que seu antecessor se torne um simples e esquecido coadjuvante.

Às vésperas do encerramento de 2014, o dólar permanece subindo desenfreadamente, assim contribuindo para o descontrole da inflação.

Apesar disso o atual ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirma que “A inflação está sob controle e nós vamos mais uma vez cumprir os limites do regime de meta de inflação”.

Ainda que a alta da moeda norte americana possa, aparentemente, trazer consequências positivas para alguns setores da economia, como, por exemplo, a exportação de produtos ou serviços, os últimos resultados apurados não refletem tal premissa.

Um exemplo disso pode ser demonstrado no mês de novembro, quando as importações brasileiras passaram as exportações em US$ 2,35 bilhões. Foi o pior resultado da balança comercial brasileira para meses de novembro em 20 anos.

Paralelamente ao atual descontrole da economia, o cenário político vem se esforçando para protagonizar as melhores manchetes.

No mês de novembro foi divulgado pelo então Ministro João Augusto Nardes, ex-Presidente do Tribunal de Contas da União, que o superfaturamento em obras da Petrobrás pode chegar a R$ 3 bilhões. O valor inclui prejuízos em empreendimentos de refinarias nacionais e da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos.

O conjunto formado pela inflação elevada, crescimento econômico fraco, inclusive com risco de recessão, somado aos escândalos políticos, tanto no Congresso Nacional quanto em empresas estatais, tem afetado a percepção de investidores estrangeiros.

Os profissionais atuantes na prestação de serviços a investidores estrangeiros têm sido os primeiros a notarem o receio deste tipo de investidor diante do atual cenário brasileiro.

Os investidores estrangeiros que mantêm ativos no Brasil permanecem ressabiados. Cada notícia de uma nova mudança traz dúvidas acerca do futuro dos seus investimentos.

Dos possíveis investidores estrangeiros a frase mais ouvida durante 2014 foi a tradicional “vamos aguardar as eleições”.

As eleições se passaram e os profissionais que prestam algum tipo de assessoria para tais investidores permanecem aguardando.

Não há dúvidas de que o mercado repudia políticas que maquiem a economia e a política, como aquelas que vêm sendo utilizadas para o controle cambial ou a aquela que recentemente alterou a meta fiscal para o alcance da previsão orçamentária. Este tipo de medida, cada vez mais, vem afastando potenciais investimentos estrangeiros do Brasil.

Ratificando a atual situação e trazendo apreensão para 2015, o Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre – FGV) e a entidade norte-americana The Conference Board, consideram que o desempenho da atividade econômica brasileira deverá ser pior em 2015. Esta previsão de desempenho é calculada com base em diversos componentes, como Ibovespa e índices de expectativas da indústria, serviços e consumidores.

Finalmente, é evidente que o entusiasmo pós-2010, quando o Brasil apresentou um crescimento de 7,5% e teve o maior avanço desde 1986, deixou de apresentar seus reflexos e, ao que tudo indica, voltará somente após muito esforço.

Caberá aos atuais gestores públicos a adoção de medidas convincentes e eficazes para não perdermos de vez a credibilidade perante o mercado internacional.

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